Mensagem do Adriano Bastos, via e-mail, sobre a Meia Maratona Internacional do Rio 2010

Legal Marcão, ficamos muito felizes com seu resultado, no próprio domingo já consegui ter acesso à listagem e para as condições que estava lá, realmente seu tempo foi muito bom, parabéns!!!!! Que venha a próxima!!!!!!!

Abraços, Adriano.

Domingo (22/08/2010):

Acordei às 6 da manhã e como já havia preparado tudo no dia anterior, apenas aguardei a hora do café e depois segui de taxi para a Praia de São Conrado. Com a largada programada para às 9 horas, deu tempo suficiente para fazer um lanchinho e se preparar sem atropelos. Tinha planejado com o técnico correr num ritmo entre 4’40”e 4’45”/km durante toda a prova e conclui-la entre 1h38min e 1h40min. Porém, como a prova tem seus primeiros 3km em subida, segurar num ritmo de 5’/km nestes primeiros 3km e depois deixar o ritmo baixar para 4’40”.

Nos primeiros 4km, pela Av. Niemeyer, era impossível imprimir o ritmo planejado. De um lado o paredão de pedra e do outro o precipício, o jeito foi segurar e tentar algumas poucas aberturas para ultrapassagem. Saí da Niemeyer com 23min15s, cerca de 3min acima do planejado. No Leblon fiz a minha primeira hidratação, aproveitando para refrescar a cabeça com a água gelada. Ao atingir o km 10, na Av. Atlântica em Copacabana, verifiquei que estava com o tempo de 54min01s e comecei a corrida de recuperação.

Os 15km finais da meia do Rio foram espetaculares. Acelerei pra valer e passei a imprimir um ritmo de 4min40s/km. Fiz a hidratação em todos os postos e continuei firme. Entrei no Aterro do Flamengo já sentindo um pouco de cansaço em função do ritmo e do Sol forte, mas continuei no mesmo pace. Nos quilômetros finais recebi o apoio da equipe, com água e isotônico, o que deu uma forcinha a mais para completar a prova num tempo de 1h45min47s. Comemorei bastante, afinal baixei o tempo em relação ao ano de 2009 em 11min23s, além de ter feito os 15km finais num tempo fenomenal de 1h10min34s, mais baixo do que o da São Silvestre de 2009 (1h16min58s).

Minha performance ficou assim:
Tempo oficial: 1h45min47s
Classificação Geral: 1520
Classificação p/ faixa etária: 260
Ritmo: 5min/km
Velocidade média: 12 km/h

O resultado final, no masculino, ficou assim:
1- Joshua Kemei (Quênia/Fila) – 1h04min03s
2- Franck Caldeira (Cruzeiro) – 1h04min12s
3- Damião Ancelmo de Souza (Pé de Vento) – 1h04min19s
4- Titus Kosgei Kibii (Fila) – 1h04min25s
5- Minda Hirpa Namomisa (Fila) – 1h05min14s

As vencedoras, no feminino, foram:
1- Eunice Kirwa (Quênia/Fila) – 1h14min37s
2- Shewarge Alene Amare (Fila) – 1h14min53s
3- Rumokol Chepkanan (Kenia) – 1h15min06s
4- Yeshanbel Abnet (Fila) – 1h15min09s
5- Marily dos Santos (Mizuno/Pojuca) – 1h15min18s

Sábado (21/08/2010):

Reservei o sábado para passear. Apesar de já ter morado no Rio, quando era estudante, conheço pouco a cidade. Minha vida turística se resumia aos jogos do Mengão no maracanã.
Iniciamos a jornada pelo Corcovado. Subimos de van até o Cristo redentor. O tempo estava nublado e pouco se via da paisagem urbana do Rio. Depois, fomos ao museu do Maracanã. O que aliás, apesar de já ter ido diversas vezes ao estádio, ainda não o conhecia. Além do museu, tivemos a oportunidade de visitar as dependências do estádio passando pelos vestiários e chegando até ao gramado. De lá seguimos para o Sambódromo e depois para a Cidade do Samba. Fizemos uma breve parada para o almoço em Copacabana e finalizamos o passeio no Pão de Açúcar, dando uma voltinha no bondinho. A visão é espetacular!

– Sexta-feira (20/08/2010):

A VIAGEM
Planejei a viagem para o Rio de Janeiro com bastante antecedência. Fiz reserva de hotel em abril e comprei as passagens em junho. Desta vez, resolvi ir na madrugada de sexta-feira para poder chegar na cidade pela manhã. Assim, daria tempo suficiente para fazer o check-in no hotel (Formule 1), almoçar, ir buscar o kit da corrida e finalmente, descansar.

Cheguei na “cidade maravilhosa” às 11 da manhã. Não consegui vaga para o aeroporto Santos Dumont e desembarquei no Galeão. A diferença você sente na hora de pagar o taxi, uma vez que o Galeão está um pouco mais distante do centro da cidade. Mas isso não foi problema, dividi com o Gil (que ia fazer sua primeira meia maratona) o táxi e saiu mais em conta.

Fiz o check-in no hotel por volta das 12h30min. Gosto da rede Formule 1, não só pelo preço da hospedagem, mas também, por ser supereconômico, não tem frigobar no quarto e impede que você cometa excessos, tão comum diante da ansiedade de uma competição. Depois de me instalar, saí em busca de um restaurante para minha primeira refeição no Rio. Como o hotel fica no centro não foi difícil encontrar um self-service.

KIT DA CORRIDA
A exemplo de anos anteriores a entrega do kit estava sendo feita no Aterro do Flamengo, próximo ao Monumento dos Pracinhas. Não havia filas, apesar do grande número de pessoas no local. Entreguei o comprovante e fui sendo encaminhado, para primeiro receber o número de inscrição, chip e finalmente, a camiseta da corrida juntamente com brindes dos patrocinadores. Conferi tudo e segui rumo a feira da corrida para conferir os produtos em exposição. Adquiri apenas bonés, camisetas e um porta-medalhas. No caminho de volta para o hotel, combinei com o taxista um tour pelos principais pontos turísticos da cidade, para o dia seguinte. Assim, poderia conhecer melhor a cidade sem me desgastar com caminhadas ou aguardando transporte público em pé.

Nosso aluno na Maratona de Estocolmo
Corredores a luta continua internacionalmente!
Marco Aurélio, aluno virtual do estado do AMAPÁ, vai correr a maratona de Estocolmo (Suécia), segue o e-mail original encaminhado de lá e algumas fotos…

Essa era a chamada do forum “Venha correr com a gente” da assessoria esportiva do Adriano Bastos. Comecei a treinar com o Adriano em janeiro de 2010, quando intensifiquei meu treinamento para a maratona. Desde, então, recebo mensalmente as planilhas de treinamento e troco informações através do fórum e também, por e-mail.

Na época recebi alguns e-mails de amigos e parentes, com palavras de incentivo e apoio a minha “maluca” jornada de completar a minha primeira maratona. Apesar de conhecer os alunos da assessoria apenas virtualmente, recebi também, através do fórum, mensagens de incentivo, dando aquela forcinha de entusiasmo e vibração que precisava.

Abaixo transcrevo algumas dessas mensagens e outras recebidas através de e-mail e orkut:

01) “QUE LUGAR MARAVILHOSO AMIGO… BOA SORTE NA MARATONA CARA…” (Adriano Gusmão)
02) “Correr em um lugar assim é maravilhoso!! Deve ter sido uma prova e tanto….” (Luz)
03) “SAIU O TEMPO, COMPLETOU SUA PRIMEIRA MARATONA EM: 4H12M47S PARABÉNS! (Claudio)
04) “É A EQUIPE ADRIANO BASTOS SE ESPALHANDO PELO MUNDO!!!!! VALEU!!” (Mauricio)
05) “Parabéns! Deve ser mesmo um bonito lugar para correr!” (Bira)
06) “Muito bem, cara!!” (Luz)
07) “AMIGO NAO TE CONHECO MAS PARABENS ISTO SE CHAMA SUPERACAO” (R. Teti)
08) “Olá querido! vim desejar-lhe boa sorte na maratona!!!! Bjs” (Eliza)
09) “Isso ai Marco, parabéns!!!!!!!!!! Estamos muito felizes que tenha completado com exito sua primeira maratona, agora vc também faz parte do grupo seleto daqueles que sabem na pele o que são 42km. Grande abraço” (Adriano Bastos).
10) “Estou na torcida por este grande brasileiro!! Bjos Primico” (Teka)
11) “Parabéns pela corrida!!” (Richard)
12) “Fale Pretinho! Que legal! Fico feliz pelo amigo!” (Roberto)
13) “O importante foi q vc participou e está bem, tenho muito orgulho de vc. t amo!!! bjs” (Ana Laura)

14) “Olá Marco. Vi as suas fotos e os videos da Maratona de Escolomo, parabéns por ter completado a maratona e que esta seja a primeira de muitas. Abraços.” (Marcelo)
15) “Bacana mano, as fotos os videos ficou tudo otimo!!!! Agora tô preocupada, pois a maquina da Mara é melhor q a minha, que é da 25 de Março rsrsrs, e será q perdi minha vaga de fotografa? pq pelo jeito a Mara se saiu um pouquinho melhor que eu para fotografar, fez otimos videos. Poxa, me arrependi de ter ensinado ela. Kkkkk Mas tá tudo muito legal, até chorei qdo vi os videos. Kk Bjoca e amanha conversamos.” (Ana Lúcia)
16) “parabéns pela determinação!” (Mauro)
17) “Manooo, eu fiquei sm internet e por isso sumi. Acho q ainda dá tempo de ti desejar uma boa prova. Bjãooo” (Ana Lúcia)
18) “Fale Pretinho! Preparado pra correr amanhã? Boa sorte! Q dê tudo certo por aí” (Roberto)
19) “Boa sorte amanhã Marcão. Abraço” (Marcos Tischer)
Há cerca de dois anos, vinha alimentando o sonho de participar de uma maratona. Não sabia ao certo das dificuldades que encontraria, mas diante da possibilidade de colocar à prova meus limites, tornava esse sonho ainda mais desafiador. Diante dos percalços da vida vim adiando até 2009, quando de fato comecei a planejar tudo. Decidi que a prova seria em 2010. Assim, teria tempo para construir uma base de treinamento sólida e bem planejada e usaria o evento para comemorar meu quadragenário de vida.

Atendendo o convite de amigos que moram na Suécia, resolvi debutar na maratona de Estocolmo, que aconteceria no dia 05 de junho de 2010. Correr e viajar são uma combinação perfeita. Os eventos esportivos, principalmente de corridas são excelentes momentos de alegria, prazer e diversão. São oportunidades de aventuras, de conhecer outras pessoas, fazer amizades e fortalecer laços. São praticamente as únicas que se volta para casa mais leve, pesando menos e de bem com a vida.

Tinha idéia das dificuldades de uma preparação, mas diante da possibilidade de confrontar e testar mente e corpo, aos limites da exaustão, diante do fracasso e do colapso, tornava o desafio empolgante e poderia ser “tão maravilhoso quanto qualquer outra coisa que a vida tenha a oferecer”. Além disso, o gosto pelo trabalho árduo que traga prazer e diversão é um prêmio. Nos faz uma pessoa melhor, determinada, disciplinada e focada nos seus objetivos.

Completar 42 km de uma maratona pela primeira vez, traz conseqüências para o resto da vida. É algo que ninguém vai poder tirar de você. Nos mostra como somos fortes, joviais e dotados de uma coragem imensurável. Superar esse desafio nos traz, ainda, grandes benefícios na forma de confiança, disciplina e respeito próprio, atributos que nunca desaparecem, pois, são frutos de sua luta, determinação e coragem. Só os efeitos que provoca na mente e no espírito já justifica todo o esforço. Afinal, passamos a maior parte da vida duvidando de nós mesmos, de nossa capacidade, achando que não somos bons o suficiente e não fazemos nada certo. A maratona nos dá a oportunidade de encarar isso tudo. Tem a capacidade de nos fazer analisar a nossa própria essência e eliminar de vez todas as barreiras que atormentam a alma.

Por outro lado, é certo que a maratona nos expõe diante da possibilidade de derrota. Ela incorpora o espírito desmotivador, destrutivo e por vezes, desmoralizante, tão comum, que nos acompanha no dia-a-dia. Isso se faz presente quando as pessoas insistem em dizer que você não conseguirá; que é maluquice tentar. Elas zombam de você! Querem fazer acreditar que não somos capazes e que portanto, é inútil tentar.

Mesmo diante dessa avalanche negativa, você treina duro, dedica-se de corpo e alma; encara sacrifícios e supera as dificuldades que aparecem pelo caminho. Deposita confiança em si e com disciplina vai cumprindo as etapas de treinamento. Passa por privações, horas extenuantes de corridas longas; ouve palavras pejorativas, desmotivantes… E prossegue, vivendo sempre uma dia após o outro…

No dia da prova é possível ouvir aquela voz: “Desista! Você não vai conseguir!”, num coro que vai aumentando à medida que os quilômetros avançam. No km 25, uma câimbra insuportável e dores musculares imploram para que você pare. Mas você é persistente e continua. A voz continua e cada vez mais alta insiste que você deve parar. Você ignora e só ouve o que diz o seu coração. Com paixão coloca um pé à frente do outro e segue. Busca forças dentro de si e aos poucos, a paisagem vai ficando para trás.

A situação vai piorando a cada quilômetro, mas você encontra coragem para continuar firme, tentando, para não desistir, por mais dolorosas que as coisas se tornem. Quando se aproxima do final, o percurso já não importa, a visão está vaga e vacilante e o corpo oscila entre o cansaço e a superação.

Quando a linha de chegada floresce à sua frente, um nó se forma na garganta. O cansaço deu lugar a alegria. A mente se perde em pensamentos. Você abre a bandeira, que ali não representa não só sua pátria, mas a família, os amigos e todos aqueles que acreditaram que era possível. E você finalmente solta o grito: Sim, eu posso!

Sua alegria ao cruzar a linha de chegada é indescritível. Cheio de orgulho, você se livra do aprisionamento e das limitações impostas pelo treinamento e pelas incertezas. Aprendeu muito sobre você mesmo nos 42 km da maratona do que qualquer outro dia de sua vida. Você vai estar cansado com a musculatura dolorida, mal consegue levantar a cabeça, talvez tenha dificuldade para andar, mas saiba que “completar uma maratona é mais do que apenas algo que se ganha; um maratonista é alguém em que você se transforma”.

No futuro, nenhuma luta ou fracasso, pode remover o que acabou de realizar. Você fez o que poucos tiveram coragem de fazer ou nunca farão. E isso, é o que torna seu ato digno de ser inesquecível. Você será lembrado pelo resto da vida. O seu “sucesso na corrida tem pouco a ver com a velocidade ou com a eficiência e tudo a ver com a determinação absoluta e com um amor puro pela corrida. Não corra com as pernas. Corra com o coração”.

SÁBADO – 05/JUNHO/2010
Depois do desastre estomacal que me atormentou na sexta-feira (04/06/2010), acordei bem disposto e sem resquício dos sintomas. Tomei o café às 7 da manhã. Tive o cuidado de não ingeri fibra ou pelo menos, não o suficiente para provocar novo desconforto estomacal. Consumi melancia, pão francês com queijo frescal, café e suco de laranja. Retornei ao quarto e fiquei aguardando a reação do organismo durante o processo de metabolização dos alimentos. Às 9, a Mara, o Sven e o Andreas, desceram para o café. Acompanhei-os. Fiz um lanchinho com suco de laranja e melancia. Aproveitei e fiz a comunicação que havia decidido participar da maratona.

Arrumamos as malas e ao meio-dia fizemos o check-out. Depois, fomos almoçar no shoping. Consumi uma macarronada “a bolonese” com suco de laranja. Seguimos de metrô até a estação próxima ao Estádio Olímpico, local da largada e chegada da prova. As estações estavam cheias de atletas de várias nacionalidades, cada uma identificada com sua bandeira. A cidade estava toda mobilizada para a prova. A população veio acompanhar a corrida. A bandeira do Brasil que levávamos era facilmente identificada e vez por outra ouvíamos um grito de “Breisil”. É o futebol brasileiro que é o embaixador do Brasil. Até porque, aqui na Suécia, o Brasil conquistou o seu primeiro título mundial, na copa de 1958.

Chegamos no local da largada e comecei a me preparar com a vestimenta da prova. Havia levado uma camiseta, uma regata e outra, mangas compridas. Deixei para decidir na hora da largada, qual delas usaria, de acordo com as condições climáticas. Os termômetros indicavam 18 graus e o Sol estava presente. Como havia um vento frio, optei pela camiseta, a canarinho brasileira. Passei o creme para evitar assaduras na região das axilas, mamilos, pescoço e virílias. Era a primeira vez que usava. Coloquei o chip e boné e me encaminhei para a baia de 3h45min.

Havia programado concluir a prova em 3h50min. Por isso, fiquei na baia de 3h45min. Estava mais próximo deste tempo do que da baia de 4h. Decidi correr com o Garmin que havia comprado na feira da maratona. O marcador de ritmo dele me ajudaria a manter o ritmo planejado. Ainda na concentração, encontrei outros brasileiros participando da prova. Cumprimentei-os e ambos desejamos boa prova.

A largada foi dada pontualmente às 14h. Passei no pórtico e acionei o cronômetro. Todos corriam praticamente no mesmo ritmo. Essa é a vantagem de baias com tempo programado para a chegada. O povo que acompanhava a prova vibrava. Muito motivante! Ainda recebi o incentivo da Mara gritando meu nome: “Vai, Marco!”.

Nos quilômetros iniciais consegui manter o ritmo. Estava me sentindo bem, mas não forcei, tinha muito “chão” pela frente. Passei no primeiro posto de água, mesmo sem sede, apanhei um copo. Desviei do chuveiro. Não queria encharcar o tênis. Isso poderia causar bolhas. A cada quilômetro, conferia o tempo no relógio e comparava com a tabela, que tinha a minha programação de tempo, para cada quilômetro. Passei no km 5 com o tempo de 27min52s, média de 5min34s/km. Vinte e dois segundos acima do que havia planejado para essa distância (27min30s). Consumi o primeiro gel de carboidrato no km 8. Continuei mantendo o ritmo, que teve quebra na passagem pelos postos de hidratação. Os postos eram curtos e acumulava muita gente, ocasionando a formação de filas. Acontecia a mesma coisa nos postos com isotônico.

No km 10, o relógio marcava 57min04s. Havia programado passar nessa distância com 55min30s. Estava 1min34s acima do tempo estabelecido. O ritmo passou para 5min42s/km. Isso deve ter ocorrido por conta do atraso nos postos de hidratação e de isotônico. Mas estava bem fisicamente e isso me deixava tranqüilo. No km 15, pensei na Corrida de São Silvestre que tem essa distância. O cronômetro marcava 1h25min46s. Acima do que fiz na São Silvestre em 2008, 1h20min25s. Houve uma queda no rendimento, pois o ritmo caiu, o pace passou a ser de 5min43s/km. Ingeri o segundo gel de carboidrato no km 16.

Completei a metade da prova com o tempo de 1h59min19s. Apesar de estar acima do planejado (1h50min), meu corpo respondia bem ao esforço e poderia reduzir o tempo, a partir do km 30, como sugeriu o Adriano (técnico). O pace seguiu em 5min42s/km. No km 22, ingeri o terceiro gel de carboidrato e ainda, resistia em não passar pelos chuveiros. A respiração estava boa e controlada.

No km 25, senti os primeiros espasmos na musculatura da panturrilha. Imediatamente ingeri um sachê de 1g de sal. A dor aliviou em poucos quilômetros. Passei, nessa distância, com pace de 5min42s/km, estabelecendo 2h22min43s. Percebi que as pessoas também começaram a sentir câimbras, muitas caminhavam e outras paravam para alongar a musculatura das pernas. Dois quilômetros após a ingestão do sal, as dores passaram e continuei firme tentando retomar o meu ritmo. No km 28 ingeri o quarto gel de carboidrato. No 30, as câimbras retornaram mais intensas. Ingeri novamente sal e parei no posto de emergência para massagens. Voltei andando e depois retomei a corrida. Apesar disso, passei com o tempo de 2h53min52s, com ritmo de 5min47s/km. No km 34 ingeri o quinto gel de carboidrato e bananas oferecidas pela organização.

As dores se intensificaram. Diminui o ritmo. Quando atingi o km 35, o relógio marcava 3h27min18s, média de 5min55s/km. Passei no posto de emergência e parei novamente para massagens. As dores eram insistentes e não paravam. Decidi que só pararia se a musculatura não agüentasse. A preocupação era completar a prova. Resolvi não olhar no cronômetro e administrar a corrida, de acordo com minhas possibilidades físicas, sem pensar em tempo. No km 40, ingeri o sexto gel de carboidrato e comi uma banana. Estava com pace de 5min59s/km e tempo de 3h59min29s. As dores estavam insuportáveis. Parei e alonguei, mas nessa altura da prova, já não fazia mais efeito. Vi que não tinha mais jeito, as dores iriam permanecer. A opção era desistir ou se arrastar, se fosse o caso, até a chegada. Optei por continuar correndo e quando avistei o estádio olímpico, uma sensação de alívio tomou conta do meu corpo. Abri a bandeira do Brasil e amarrei-a no pescoço. O público gritava “Brazil, Brazil!”. Busquei forças nesses incentivos e continuei mesmo com as dores intensas.

Entrei no estádio olímpico e me arrepiei com a presença das pessoas gritando, incentivando… Ao me aproximar da linha de chegada ouvi o Sven e a Mara agitados e gritando o meu nome. Vibrei muito! Retirei a bandeira do pescoço e levantei para passar pelo pórtico, com tempo final de 4h12min55s, média 5min59s/km e velocidade média de 10km/h.

A perna estava em frangalhos. Caminhei em direção a saída. A musculatura da perna continuava com espasmos. Ao sair do estádio, havia uma grande mobilização para atender aos atletas. Recebi a camiseta e a medalha por ter completado a prova. Mais adiante, entreguei o chip e recebi o kit-lanche. Dei uma paradinha para alongar, mas ao menor esforço a musculatura reagia com sinais de câimbras. Encontrei a Mara e seguimos para nos juntarmos ao Andreas e Sven. Fiz um lanche com banana, isotônico e barra de cereal. Troquei de roupas no banheiro químico e seguimos de volta para o hotel, onde estava o carro do Sven. Jantamos e retornamos para Halmstad. No carro, todos satisfeitos e muito empolgados com o que viram. Realmente, foi muito emocionante!

Missão cumprida! Minha performance ficou assim:
Tempo oficial: 4h12min55s
Classificação Geral: 6385
Classificação p/ faixa etária: 1313
Ritmo: 5min59s/km
Velocidade média: 10 km/h

O resultado final, no masculino, ficou assim:
1- Joseph Lagat (Kênia): 2h12min48s
2- Johannes Kekana (RSA): 2h16min09s
3- Jonah Kibiwott Kemboi (Kênia): 2h16min47s
4- Hillary Kipchumba (Kênia): 2h16min56s
5- Daniel Yego (Kênia): 2h19min35s
6- Adil Bouafif (Suécia): 2h21min47s
7- James Bett (Kênia): 2h22min09s
8- Erik Petersson (Suécia): 2h23min46s
9- Kristoffer Osterlund (Suécia): 2h24min14s
10- Martin Kjall-Ohisson (Suécia): 2h26min15s

Resultado feminino:
1- Isabella Andersson (Suécia): 2h31min35s
2- Aberash Tesfaye (Etiópia): 2h37min20s
3- Seada Kedir (Etiópia): 2h37min28s
4- Irina Mashkantseva (Rússia): 2h43min43s
5- Irina Kozuboskaya (Rússia): 2h44min47s
6- Gladys Chebet (Kênia): 2h44min56s
7- Gabriella Samuelsson (Suécia): 2h46min33s
8- Leena Poutienieni (Finlândia): 2h47min39s
9- Therese Nordstrom (Suécia): 2h48min19s
10- Zinash Alemu (Etiópia): 2h48min49s

SEXTA-FEIRA – 04/JUNHO/2010
Não dormi bem. Tive fortes dores estomacais, diarréia e vômito. Passei a noite em claro. Na verdade, quando falo “noite” é força de expressão. Aqui em Estocolmo, assim como, na Suécia toda, nesta época do ano, o dia é mais longo do que a noite. Está anoitecendo às 22 horas e amanhecendo, às 4 horas. Coisas da geografia. Já estava com dificuldades para dormir, por conta desse horário, imaginem isso somado com o mal-estar da noite. Tenho a impressão que foi um desses “molhos” que acompanham as refeições. Tomei um antibiótico, remédio para a dor e mais um outro sueco para o problema estomacal, trazido pela Mara. Resolvi não sair do quarto do hotel. Sven, Mara e Andreas partiram para o passeio. Tomei bastante água e fiz uma refeição à base de salada, batata e peixe. Fiquei analisando a situação. Caso não conseguisse melhorar não iria correr o risco de participar de uma maratona sem estar 100%. Estou consciente disso e meu objetivo aqui não é passar mal na maratona. Ao contrário. É chegar ao final, cansado, é bem verdade, mas acima de tudo, mostrando que estava preparado para esse desafio. Portanto, teria a sexta-feira para descansar e no sábado, pela manhã, faria uma avaliação e definiria se participaria ou não da prova. O Sven e o Andreas se ofereceram para correrem em meu lugar. Podem rir: é uma piada! KKKKKKK.

QUINTA-FEIRA – 03/JUNHO/2010
Acordei às 5 da manhã. O Sol já anunciava um dia longo. Tomamos café e partimos rumo a Estocolmo. Depois de quase 5 horas de estrada, aliás, estradas sem qualquer deformidade que pudesse causar algum incômodo aos passageiros, chegamos em Estocolmo. O computador de bordo do BMW do Sven funcionou direitinho e nos guiou também ao hotel. Fizemos o check-in, guardamos nossas bagagens e fomos ao shoping, ao lado do hotel, para almoçar. A leitura do cardápio em sueco era incompreensível. O sven lia em sueco e passava em inglês para a Mara, que me repassava em português. Preferi comida italiana e me deliciei num “espaghetti à bollonese”.
Voltamos ao hotel para buscar informações do local de entrega do kit da maratona. Recebemos tickets do metrô. Todo hóspede tem direito ao ticket equivalente ao período de sua permanência no hotel. Lá tinha uns monitores em que você conversa on-line com o serviço de informações da cidade. Recebemos as informações necessárias e partimos rumo ao metrô.

Chegamos nos stands da STOCKHOLM MARATHON cerca de 1 hora depois. Na verdade, mais passeamos pela cidade sem nos preocupar com a hora. Havia uma pequena fila que rapidamente se dissipou dada a agilidade na entrega dos kits. Recebi o kit sem apresentar nenhum documento, pelo simples fato de estar na fila. Encaminhei-me para receber o chip e a numeração e me foi solicitado documento de inscrição. Tinha apenas um que imprimi da internet. Fui levado para outro guichê. Consultaram no computador e a minha confirmação de inscrição foi enviada, via correio, para o Brasil, no dia 14 de abril, mas, sinceramente, nunca recebi. Fizeram outra a caneta e finalmente recebi o chip e o número de inscrição.
Passeamos pela feira da maratona e compramos algumas “lembrancinhas” para a nossa torcida no Brasil, a família. Retornamos para o hotel para descansar e nos preparar para o passeio de sexta.

QUARTA-FEIRA – 02/JUNHO/2010
Não consegui dormir bem. A pesar disso, seguia no processo de adaptação. Tomei café às 8 horas da manhã. Consumi iogurte com cereais; pão integral com queijo e presunto, capuccino feito pelo Sven (muito gostoso, diga-se de passagem) e suco de laranja. Às 10, comi uma laranja, que aqui se descasca como se fosse uma tangerina. No almoço comi carne de porco (selvagem), salada e batata. Na Suécia, eles substituem o carboidrato do arroz pela batata e não usam feijão. Para não fugir da dieta, era consumir carboidrato proveniente da batata, proteína de carne vermelha ou branca e a salada de legumes.

Como não havia treinado na segunda-feira, por conta da viagem, hoje seria o teste para ver como estava o processo de adaptação. O Sol estava presente, mas o vento dava uma sensação de frio, tornando o clima agradável. Resolvi usar toda a endumentária para o caso do dia da prova ocorrer temperaturas baixas. Coloquei tôca. Vesti camisa mangas compridas com os manguitos. Short com bermuda “leg”. Meia cano curto e o tênis que seria usado na prova.
Saí para correr na companhia do Andreas, mas como sabia que ele iria disparar, como fazia em Macapá, quando me acompanhava nos treinos, fiquei tranqüilo. A Mara e o Sven me acompanharam de motociclo. Curtir a paisagem de muito verde com um leve vento frio que não permitia a saída do suor. Senti um pouco quando aspirava o vento frio para trabalhar a respiração. Isso acabou provocando sangramento da mucosa do nariz, mas sem maiores conseqüências. Conclui o treino após 50 minutos de corrida leve, sem qualquer desconforto que pudesse indicar alteração ao processo de adaptação.
Jantamos às 21 horas uma espécie de sopa, a base de camarão, feita pelo Andreas. Estava saborosa, mas um pouco picante. Comida picante pode provocar desconforto estomacal, uma vez que, além de não ser amante desse tipo de alimento, meu organismo poderia não suportar e reagir de forma desagradável e não poderia pensar, nesse momento, em passar por tal situação.

Conheça mais o Maraturista

Envie-nos um email para tirar suas dúvidas

Somos Credenciados

Credenciado da metodologia Vo2Pro