Tudo que sobe desce é
uma verdade científica que expressa que nenhuma ação fica sem uma reação. Na
sabedoria popular representa uma relação de causa e efeito muito aplicada na
vida das pessoas. É como conselho de vó, bula de remédio e leis da física, nunca
falham. Para os corredores de trilha, a história é outra. O inesperado é quem
comanda. O que quer dizer que nem sempre subir significa descer. Ou melhor, o
que vai só volta se tiver fôlego.

Mas primeiro é preciso
entender que a corrida em trilhas é uma espécie de versão verde das corridas
urbanas.  Não tem trânsito de carros,
apenas os corredores desbravando a mata. As ruas são trilhas forjadas pelo
solado dos tênis. Não há casas, somente a floresta. Não tem poluição,
respira-se o ar puro da mata. Aqui, buracos, lama e piçarra são bem-vindos. Os obstáculos
e o terreno irregular são os ingredientes principais.

As trilhas não devem
ser ignoradas, mas admiradas. Os trechos planos não devem ser menosprezados,
mas respeitados. As descidas, abençoadas. Mas com as subidas não se brinca, faz-se
reverência inclinando o tronco para frente, como se o rosto quisesse tocar a
terra.

Portanto, com esse
cenário, corredor é piloto “off road”. Deve estar com o espírito preparado para
sujar-se, pois, a lama faz parte do traje e da maquiagem. Não se preocupa com o
ritmo que imprime para superar cada obstáculo, “dança” conforme exige o trecho
da trilha. Por isso, não é vergonha lutar contra a gravidade e subir uma
ladeira caminhando, aproveita-se a ocasião para apreciar a natureza. Porém, é
preciso estar atento sempre, vislumbrando a dureza que se avizinha. Dessa
forma, você estará no limite da dor e do prazer. E que vença o segundo.

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