Início de temporada é sempre a
mesma coisa. O corpo está meio molenga e um pouquinho mais cheinho, reflexo das
festas de final de ano. Nem precisa de uma desculpa mais elaborada. O fato é
que no começo do ano começamos a engatar o treinamento e nem com promessa para
uma “penca” de santos, conseguimos correr de forma competitiva. Lá para março é
que o corpo começa a responder melhor, a colher os frutos do trabalho de base
inicial.
Já tinha preparado o espírito
para a Corrida de Belém. A ideia era deixar a corrida me levar, num trocadilho
à música do Zeca Pagodinho. Sem maiores ambições de tempo, fiz um aquecimento
de 20 minutos e, 10 minutos antes, fui para o pórtico de largada. As condições
de tempo estavam ótimas, nem parecia clima de Belém-PA. Ambiente ameno, sem sol
e ainda com cara de chuva. Perfeito para correr.
Consegui um posicionamento bem
perto da elite, o que facilitou um início sem atropelos. A prova começou em
frente ao Boulevard Shopping, na Av. Visconde de Souza Franco, na Doca, que é muito
popular entre os paraenses, e seguiu em direção a Rua Marechal Hermes. Nela,
ecoou o primeiro “bip” do Garmin insistindo em avisar que estava forte no
primeiro quilômetro, pace de 4min09s/km. O melhor era entreter-se com o visual
da Estação das Docas (armazéns do porto de Belém que foram restaurados e
transformados num complexo turístico e cultural) e do mercado do Ver-o-peso
(maior feira-livre da América Latina) para “segurar o facho”, como diria minha
mãe.
Funcionou. O segundo quilômetro
foi no ritmo de 4min19s, no exato momento em que contornava a Praça do Relógio.
Estávamos na Cidade Velha (bairro mais antigo da cidade) e o tour por Belém
continuava. Somente nesse trecho, tinha a Igreja de Santo Alexandre, o Forte do
Castelo, a Casa das Onze Janelas, a Igreja da Sé e o Palácio Antonio Lemos
(sede da prefeitura). É bem verdade que pouca gente aprecia os monumentos. É
que muitos correm de cabeça baixa e estão mais ligados na corrida.
Após o tour, seguimos na Av. 16
de Novembro, onde completamos o terceiro quilômetro e o ritmo continuava
aumentando 4min23s/km. A sede começou a atacar e nada de posto de hidratação.
No final da 16 de Novembro, passamos pelo Espaço São José Liberto (antigo
presídio que se tornou polo joalheiro, casa do artesão e museu) e atingimos a
Av. Roberto Camelier. O corpo começou a dar sinais de cansaço, o que foi
atenuado pela água. Tomei uns goles e presentei a cabeça com uma boa dose.
Passamos pela Rua dos
Mundurucus e atingimos a metade da prova na Av. Padre Eutíquio. Estava com
21min41s de prova, rápido demais para quem se encontra em fase inicial de
treinamento. Mesmo assim, questionava se o cansaço tratava-se de falta de
condicionamento, do ritmo forte ou das duas coisas juntas. Pura maluquice que passa
pela cabeça quando corro. Coisa de corredor. Comecei a temer a famosa
“quebradeira” e o sexto quilômetro foi o pior desde o início da prova,
4min31s/km. Nessa altura, estava às proximidades do Shopping Pátio Belém.
Quando entramos na subida da Av. Gama Abreu, ‘colei’ num atleta. Ela estava num
pace que me pareceu ideal para aquele instante da prova. Segui no seu rastro
por cerca de dois quilômetros e consegui paces de 4min25s/km e 4min29s/km,
respectivamente, no sétimo e oitavo quilômetro.
Finalizando a prova
Conclui o trecho da Av. Nazaré
às proximidades da Basílica de Nazaré, passei pela Av. 14 de março e entrei na
Av. Gov. José Malcher fazendo força para segurar o ritmo. Quando o GPS ‘bipou’
o último quilômetro e mais a descida da Av. Visconde de Souza Franco, soltei o
corpo e acelerei. Pressentia a aproximação de atletas, mas o ritmo que imprimi
não permitia que me ultrapassassem. Segui com passadas firmes e respiração ofegante.
Nem ousei olhar para o cronômetro para não desencorajar. Cruzei a linha de
chegada tão cansado quanto rápido. O pace final foi de 3min26s, a melhor
chegada de todas as provas que já corri. O tempo da corrida foi um
surpreendente 43min02s. Nem preciso dizer que foi o melhor início de temporada
que já tive.
Chegada na Corrida de Belém

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