Uma coisa que todo corredor
gostaria de dizer para o mundo é que concluiu uma maratona. O tempo não importa,
mas tem que ter no currículo para ser chamado de maratonista. É com uma patente
que cria uma hierarquia e separa os corredores dos maratonistas. É o ápice do atleta
amador.
Beleza, tudo isso é
muito legal. Agora, a missão não é fácil. Nem preciso listar que o camarada
precisa, basicamente, de treinamento árduo, com pelo menos 4 dias dedicados a corrida,
incluir sessões de fortalecimento muscular e adotar uma alimentação adequada. Além
disso, há um fator que considero relevante. O candidato a maratonista deve
preparar o espírito para sofrer.
A maratona tem seu
charme, mas ninguém vai correr 42 km com o propósito de curti-la. É porque o
corpo vai a exaustão e, a menos que você tenha um sentimento sádico no esporte,
não vai sentir prazer durante o percurso. Ao contrário, vai doer um pouquinho.
Obviamente que você conseguirá extrair algo de bom para sua vida. O prazer de
vencer o desafio e a sensação de superação dos limites do corpo mostrarão que para
qualquer conquista, seja profissional ou pessoal, é preciso persistência,
disciplina e determinação. E isso, pode ter certeza, fará toda a diferença na
sua vida.
Bem, o que quero
dizer é que, para quem vai encarar uma maratona é preciso ter a exata noção do
que vai fazer. Não adianta ficar sonhando com tempos expressivos porque ela não
perdoa os aventureiros. Ela é cruel, muito cruel, como dizia o narrador Januário
de Oliveira. E mais, se você é competitivo, desafie-se. Deixe o sonho de vencer
aquele seu colega para uma prova mais curta, porque se você “quebrar” poderá
concluir os últimos três quilômetros de uma prova de 10, por exemplo, trotando
ou caminhando. Na maratona, se isso acontecer, vai faltar energia até para
andar. O tal de um “urso” vai pular nas suas costas e você vai sentir o drama
de carrega-lo até ao final da prova.
O engraçado disso é
que você vai se perguntar o que está fazendo ali. Vai prometer que nuca mais vai
matar as sessões de musculação, faltar aos treinos ou deixar de fazer
alongamento. Vai pedir a uma “penca” de santos para tirá-lo daquela enrascada.
Um aprendizado de se correr uma
maratona pela primeira vez é que a forma com que seu corpo vai reagir ao
esforço é uma incógnita, dessas do tipo que admite poucas soluções e que, pode
acreditar, a maratona nos ensina melhor que os matemáticos. Por isso, o
recomendável é fazer a primeira de forma conservadora, sem compromisso com
tempos expressivos ou com espírito de competição, principalmente, com quem já é
mais experiente na distância.
Repito: maratona não é para aventureiros.
Por isso, respeite os seus limites para ter vida longa no mundo das corridas. O
seu corpo agradece.

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