Se tinha um corredor que merecia estar na Meia Maratona do Rio de Janeiro era o Adonis Farias. Explico. Há mais de quatro meses, o Adonis havia me perguntado se dava para correr os 21 km da prova que fazia parte da Maratona do Rio de Janeiro, programada para julho. Tínhamos um pouco mais de dois meses para a preparação. Apesar de saber que ele estava disposto a correr o risco, consegui convencê-lo de que seria mais seguro encarar a Meia Maratona do Rio de Janeiro, programada para agosto, pois, teríamos mais tempo para dedicarmos aos treinamentos. Imediatamente, o Bob Fernandes se prontificou a acompanhá-lo no desafio, que seria a primeira prova de 21 km da dupla.

Adonis na Meia do Rio 2014
A cada semana, dava gosto de ver a dedicação dos dois. Estavam completamente comprometidos com os treinamentos. Segundas, quartas e sextas, estavam no Treino Funcional. Nas terças, quintas e sábados, cruzavam a cidade correndo de norte a sul. Um era a sombra do outro. Entretanto, em 3 de agosto, durante um passeio ciclístico, nosso amigo Bob foi brutalmente atingido por um carro conduzido por um motorista bêbado e veio a falecer.
Foi um duro golpe nas pretensões do Adonis. Seu “brother”, parceiro e companheiro de longa data, não estaria mais para acompanhá-lo e motivá-lo. Seu semblante refletia tristeza, revolta e indignação. Era visível que o guerreiro estava ferido. Nos treinos, a dedicação já não era a mesma. O desconforto muscular só não era maior do que a dor no coração. Para aliviar, substituímos algumas corridas pela bike. Quando sua desistência era dada como certa, ele nos incendeia esbravejando que nosso amigo Bob merecia essa homenagem. A motivação voltou. Os treinos se sucederam com a empolgação de antes.
Na véspera da prova, encaminhei um e-mail com algumas recomendações, por tratar-se de sua primeira meia maratona. Para incendiá-lo ainda mais, fechei a mensagem com o seguinte texto: “Meu amigo, além dos seus objetivos pessoais que foram traçados há meses, tem também uma motivação extra: a memória de nosso amigo Bob. Isso mesmo! Vocês estiveram juntos durante toda a preparação e no fatídico dia de sua morte. Na vida é difícil encontrarmos pessoas em quem podemos confiar e compartilhar os bons e maus momentos. Pode ter a certeza que o Bob estará ao seu lado, acompanhando-o durante todo o percurso. Ele lhe dará forças e com aquele jeitão desengonçado estará dizendo: “bora, guerreiro”. Por isso, desfrute da companhia dele e faça a prova de seus sonhos.“.
E de fato foi o que aconteceu. Essa foi a prova de sua vida. Em nome do Bob, da Nilda (esposa do Bob) e de todos nós, ficamos orgulhosos e lisonjeados com o gesto de amor, lealdade, amizade e carinho. Esse é o espírito que devemos cultivar no esporte e na vida. Valeu, guerreiro!
  1. Lembro-me dos dois treinando sempre juntos.Um fazendo gracinha com o outro,mas firme em seus propósitos.Professor sempre nos ensinando e motivando seus alunos.

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