Manhã cinzenta com clima agradável na largada da Maratona de Porto Alegre. A neblina estava forte que nem dava para ver a torre da Usina do Gasômetro, um dos pontos turísticos da cidade. Nada de Sol e um vento frio dava uma sensação térmica bem abaixo dos 16 graus anunciados pelos termômetros. Ambiente excelente para correr uma maratona.

Largada da Maratona de POA 2014
Estava clareando quando foi dada a largada. Entrei quente na prova ao ritmo de muito axé. Mais uma vez na companhia do meu amigo Mauro Marufuji. Nossas estratégias polarizavam: eu pretendia um sprint negativo e ele um positivo. Assim, cumprimentamo-nos e partimos para o desafio. Resolvi seguir a estratégia do chefe (treinador Adriano Bastos). Até o km 30, num ritmo de 4min50s/km, depois disso, partir para fazer um resultado melhor do que a previsão de 3h24min.
O frio incomodou nos primeiros cinco quilômetros. Pensei em Paris quando o corpo entrou em colapso devido ao frio e não desenvolveu o esperado. Contudo passei na casa dos 10 km dentro do
planejado, com 47min22s. Nessa passagem, colei em dois “colegas” de assessoria esportiva, o Adriano e o Willian, que tinham a mesma pretensão de conclusão da maratona. Corri sorrateiramente mantendo uma distância de menos de um metro. Algumas vezes, sentiam a minha presença e olhavam para trás. Por volta do km 15, identifiquei-me e pedi permissão para acompanhá-los. E assim, seguimos.
Durante o percurso da Maratona de POA
Tudo estava dentro do planejado com o corpo respondendo de forma surpreendente. Em alguns pontos ensaiávamos uma conversa, mas logo retornávamos o foco para a prova. Passamos no km 20 com o tempo de 1h34min46s. E olha só: esses 10 km foram percorridos apenas um segundo a mais que os primeiros 10 km, 47min23s. Atingimos a metade da prova com 1h39min25s, com previsão de término em 3h20min.
O clima permanecia agradável. Por isso, optei apenas por hidratar sem jogar água no corpo para não encharcar a roupa. No km 25, fiz a segunda ingestão do sachê de sal e o terceiro de carboidrato. Mantínhamos o ritmo que variava bem perto do planejado, mas sem fazer força. Estava concentrado, com boa postura e o corpo respondendo bem ao esforço. Passamos pelo km 30, com 2h22min24s, com 47min32s nesses 10 km. Continuava com uma excelente média para cada 10 km de prova.
A partir dessa distância, senti os primeiros espasmos na panturrilha direita. Avisei aos amigos para o caso de ter que abandoná-los se o pior acontecesse. Ingeri mais um sachê de sal e a possibilidade de cãibra foi adiada. Melhorei o ritmo, passando a correr mais rápido. A ideia era seguir a estratégia de corrida, de correr os 12 km finais bem abaixo de 4min50s/km. Se as cãibras retornassem pelo menos já estaria mais próximo da chegada. A jornada não foi fácil. Vez por outra as contrações na musculatura passaram a ser nas duas pernas. Aliviava o ritmo e assim que as contrações diminuíam, eu seguia firme. No km 35, ingeri o último sachê de sal e permaneci lutando para manter o ritmo. Apesar disso, estava com a respiração controlada e sentia que o corpo poderia ir mais forte, mas as panturrilhas faziam ressalvas.
Chegada na Maratona de POA 2014
Finalizei o km 40 com 3h09min47s. Nesses 10 km finais, apesar das cãibras, foi a melhor média,
47min12s. À medida que me aproximava da linha de chegada, as cãibras se intensificavam. Mantive a calma e um ritmo de 4min44s nos dois últimos quilômetros embalados pelo som de Ivete Sangalo e cruzei a linha de chegada em 3h21min57s. A melhor maratona da minha vida. Axé, Porto Alegre!

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