Um terço da minha vida passei correndo. Comecei cedo. Aos 12 anos já treinava com frequência e participava das poucas provas que aconteciam em Macapá. Segui nessa rotina até aos dezoito anos, quando abri mão do esporte para dedicar-me aos estudos. Só voltei a correr novamente 14 anos depois.
De lá para cá, muita coisa mudou. As corridas multiplicaram-se de norte a sul, ganharam espaço na mídia e tornaram-se populares. O esporte passou a movimentar milhões de reais e a tecnologia foi incorporada a esse universo.
Lembro-me bem que as corridas eram divulgadas através de cartazes espalhados em pontos de grande concentração popular e, principalmente, em órgãos públicos. As emissoras de rádio também ajudavam na divulgação. Na TV, somente as provas mais badaladas.
As inscrições eram presenciais. O atleta comparecia ao local previamente informado e preenchia a ficha de inscrição. Em provas fora do domicílio, o atleta usava os correios para postar sua ficha de inscrição.
O mais interessante é que na grande maioria das provas o atleta confeccionava seu número do peito. Funcionava assim: a organização informava o número do peito, em geral, por ordem de inscrição e o atleta ficava encarregado de confeccioná-lo. Normalmente, o número era pintado em tecido com tinta própria para esse material. Fiz muito isso.
Na Corrida do Círio de 1986, o número do peito era pintado pelo atleta
Provas badaladas de hoje, como a Corrida do Círio, funcionavam exatamente dessa forma. Participei da terceira edição da Corrida do Círio em 1986, em Belém, e tive que exercitar os meus dotes artísticos para produzir o número do peito. Mas a foto acima não deixa dúvida: eu era melhor na arte de correr do que de pintar.
Vejam como evoluiu. Atualmente, a tecnologia faz parte do universo das corridas. O principal meio de divulgação, inscrição e resultado é a internet. Mas ainda há espaço na TV. A vestimenta é de tecido tecnológico. O GPS com informações detalhadas da corrida vem substituindo o ultrapassado relógio cronômetro. A cronometragem geral da prova é feita através de chip, que é colocado no tênis.
Com tanta inovação tecnológica, quem sabe num futuro próximo, o chip de cronometragem de prova já venha embutido no número do peito, dando mais comodidade aos corredores. Vamos torcer para que a tecnologia esteja a serviço de nosso bem estar.

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