Por Flavio Cavalcante

Neste fim de semana decidimos
por um treino diferente, longe do asfalto e da movimentação e poluição urbana.
Em pleno sábado, acordamos ainda na madrugada para seguir de carro até o km 60
da  BR 156. Ali, em meio aos pinhais e
eucaliptos de uma grande empresa de celulose, trilhas em labirinto permitem
correr qualquer distância.

Uma aprazível chácara às margens do Rio Matapi seria o ponto de partida e chegada. Como minha planilha
previa 12 km, correria metade indo e metade voltando, entre subidas e descidas, pisando
na lama e na piçarra.

Iniciei com um trote confortável,
fotografando os companheiros e registrando a bela paisagem
amazônica. Após uma légua – seis quilômetros – dei meia
volta
e acelerei em busca da linha de chegada.
Mesmo
com o sol forte, finalizei ainda com fôlego. Tomei um bom gole de água,
e, como prêmio, derramei o restante do refrescante líquido sobre a
minha cabeça. Me surpreendi com o desempenho, pois deixei comendo poeira ou bebendo lama os companheiros que cumpririam
a mesma distância que eu.

Ainda comemorava minha
vitória quando olhei detidamente para o lugar e percebi que algo estava
errado. Aquele não era o sítio de onde partimos. Tomei um caminho diferente.
Sem água, com muito sol,
voltei alternando trotes e caminhadas por mais uns cinco quilômetros. Retomei o
percurso correto e fui resgatado pelo amigo Bob,
que de carro, preocupado, já me procurava pelas inúmeras trilhas do lugar.

Ao chegar, ouvi piadas dos colegas como que a onça havia me comido quando precisei me
embrenhar na mata por conta de um desconforto intestinal. Mas pior que sofrer com as
ironias foi constatar que a minha primeira vitória nos treinos durou apenas
alguns instantes, tempo suficiente para perceber que eu estava ariado** nas trilhas da floresta.

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* personagem da mitologia grega que habitava um labirinto na ilha de creta. 

**perdido, que não sabe para onde ir.
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Extraído do blog Pedra de Clarianã (http://pedradeclariana.blogspot.com.br/)

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