Há corredores que tem xodó por algumas provas. Não perdem de jeito nenhum. Cada um tem lá suas razões e não escondem de ninguém. Ao contrário, fazem questão de expressar sua predileção e marcar presença no dia, seja lá onde for o evento. No meu caso, os sinos dobram por ti, Corrida do Círio. Esclareço de antemão que não trata-se apenas de dez mil metros que devem ser vencidos
quilômetro a quilômetro. Tem um algo mais. Primeiro, a relação afetiva que cultivo com a cidade de Belém, local onde a prova é realizada. Ela faz
parte da minha história de vida, durante o início da carreira estudantil, na década de 1980. Correr pelas suas ruas que tantas vezes percorri de ônibus, faz rememorar os
momentos difíceis e de extrema dificuldade dessa época, mas também de celebrar
a superação de todas as barreiras. Segundo, há o
aspecto da religiosidade. Fiz uma
promessa/pedido, que cumpriria nessa prova [a Corrida do Círio é tradicional por reunir promesseiros e devotos de Nossa Senhora de Nazaré. Faz parte da programação do Círio de Nazaré, maior evento católico do mundo]. Pedi ajuda aos céus para iluminar
meu pai na sua luta na busca da cura de sua doença. Foi um momento difícil da vida, mas
que me fez perceber que sem fé não é possível sonhar e quem não sonha, não tem esperança.
E ter esperança, naquela ocasião, era a única forma de continuar sonhando com
dias melhores. Meu pai faleceu em 2009, mas sigo firme em respeito à sua
memória. Em 2014, completo uma década de fé, devoção e suor, que faço questão de badalar para todo mundo ouvir. E se me perguntarem por quem os sinos dobram, eles dobram por ti, Corrida do Círio.
Corrida do Círio 2006

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