Um fato que vem crescendo nos eventos de corrida é o elevado número de participantes sem inscrição. Eles são chamados de corredores “pipoca”, numa alusão aos foliões que participam de micaretas sem abadá e se divertem tanto quanto aqueles que pagaram ao bloco. Os corredores “pipoca” usufruem de todo a estrutura disponibilizada para aqueles que contribuíram, pagando sua inscrição na prova. E é esse o motivo que preocupa os organizadores.
A estrutura montada nas provas é projetada com base no número de inscritos. É por esse motivo que há limite de inscrições nos eventos mais concorridos, como na Corrida Internacional de São Silvestre, que ocorre no final de cada ano. A intenção é não colocar em risco o esquema de atendimento para os corredores que pagaram e graças a eles o evento pôde ser realizado.
Para os corredores, um dos critérios utilizados para participarem de determinada prova é verificar a estrutura disponibilizada pela organização. Imagine se no meio de uma prova longa faltar água fresca, não tiver um esquema de segurança para controlar o fluxo de veículos, a entrada de pessoas na via e assegurar a integridade física dos participantes?
Num fórum na internet sobre o assunto, vários foram os motivos alegados para não pagar inscrição. Alguns, questionam que o preço pago da inscrição das provas é elevado. Outros, que participam de diversas corridas no mês, afirmam que a “grana” está curta e não dá para pagar todas ou utilizam uma prova-teste antes da prova-alvo e não acham conveniente pagar para participarem da primeira. Enfim, há muitos quilômetros de justificativas, algumas mais sensatas e outras nem tanto, mas nenhuma entra no mérito da questão ética, de estar burlando as regras do jogo para se beneficiar em detrimento dos demais.
Particularmente, nunca participei de uma prova sem pagar a inscrição. É uma questão de princípios. Não me sentiria bem em usufruir de uma estrutura sem ter contribuído para ela. Quero ser bem assistido do começo ao fim do evento. Aliás, a estrutura fornecida pela organização é um dos aspectos que verifico quando procuro uma prova para me inscrever.
Posso citar como exemplo a Maratona de Estocolmo. Em 2010, quando participei da prova, a novidade começou dois meses antes da corrida quando recebi a camiseta pelos correios. Na cidade de Estocolmo, com o número de inscrição não pagava passagem no metrô e nem em ônibus para ir e voltar da prova, cortesia da cidade, que recebe muito bem o turista.
Corredores no metrô, a caminho da largada da Maratona de Estocolmo
Na prova a organização oferecia guarda-volume e um “safety-deposit” destinado a guardar objetos de valor como dinheiro, documentos e jóias. Havia água e banheiros químicos dentro das baias de largada para evitar que os atletas tivessem que sair da pista. No decorrer da prova houve distribuição de água, isotônicos, bananas, barras energéticas, sopa quente, bala de açúcar, cola drink, carboidrato em gel e até pepino em conserva, em vários pontos do percurso. Havia, ainda, 22 chuveiros, bacias com água corrente e esponjas e vários caminhões com bandas de música animando os atletas, todos distribuídos pelo trajeto.
Na dispersão da maratona
Na chegada, você recebia a medalha e a camiseta finisher, simbolizando que concluiu a prova. Na dispersão, o pessoal do staff retirava o chip do seu tênis e você recebia uma sacola com chocolate, shake de morango, cola drink, amendoim, castanhas e banana. Além disso, havia atendimento médico, massagens e você podia pegar a vontade café, cerveja e cachorro-quente, tudo sem filas e correria.
Distribuição de café, cerveja e cachorro-quente
Então, me digam se não valeu a pena pagar a inscrição?

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