Artigo interessante sobre essa mania que toma conta dos corredores. Extraído do site da UOL http://viagem.uol.com.br/ultnot/2009/11/23/ult4466u765.jhtm.
Misto de esportistas e visitantes, ‘maraturistas’ conhecem cidades de outro ponto de vista
MARINA GOMES
Colaboração ao UOL Viagem
Corridas têm atraído cada vez mais adeptos e uma nova classe de turistas vai se consolidando: os chamados “maraturistas”, aqueles que procuram maratonas mundo afora para correr. E depois, claro, passear. E não pense que eles ficam cansados depois dos 42 km – sempre sobra fôlego para bater perna. Seguindo essa tendência, algumas agências já se especializaram em vender pacotes completos, com inscrição da prova, hospedagem, aéreo e passeios.
O jornalista Rodolfo Lucena, 52, autor de “Maratonando, desafios e descobertas nos cinco continentes” correu cerca de 25 provas no exterior e indica outras vantagens. “Na corrida você descobre lugares que talvez sequer notasse em um passeio comum. Além disso, cria uma relação mais profunda e visceral com a terra onde corre. Sempre descubro um jeito de participar de uma corrida quando vou ao exterior a trabalho e divido minhas férias para permitir que eu faça o maior número possível de corridas”, diz.
Qual prova é a sua cara?
Para as pessoas que riscam os países no mapa de acordo com as corridas que eles oferecem, é fácil montar a lista de “viagens dos sonhos”, pois cada vez mais há provas para todos os gostos e distâncias em quase todas as capitais do mundo. Na maioria o percurso coincide com os cartões-postais da cidade, tornando a corrida uma opção turística imperdível, mesmo que seja apenas para torcer.
Para os mais tradicionais, há um vasto leque como França, Itália, Inglaterra e Estados Unidos. Em Paris, por exemplo, largada e chegada no Arco do Triunfo e passagens por Notre Dame, Torre Eiffel e museu do Louvre fazem com que ela seja reconhecidamente como uma das mais charmosas maratonas.
Quem busca algo mais exótico e desafiador pode tentar a Maratona da Muralha da China com seus 5.164 degraus que exigem um bom fôlego ou a Maratona do Sol da Meia Noite, em Tromso, em pleno verão norueguês, quando o sol não se põe. Há ainda as corridas inóspitas de Victoria Falls, no Zimbábue, e a do Monte Kilimanjaro, na Tanzânia, onde depois da prova o roteiro turístico inclui uma passada na paradisíaca Zanzibar para relaxar.
Aqueles que procuram mais diversão podem escolher a Maratona da Disney, com todos os personagens acompanhando e colorindo o caminho, que passa pelos parques Epcot, Magic Kingdom e Animal Kingdom, ou a Rock’nRoll Series (várias cidades americanas), em que o ritmo vibrante é ditado pelas bandas no caminho e pelos inúmeros Elvis maratonistas. Ainda pensando em conciliar música e passadas, dá para tentar a Maratona do Reggae, na Jamaica.
Se seu interesse é o turismo histórico, prepare-se, pois as opções não são menos interessantes. Dá para gastar a sola do tênis no Egito, em Marrakesh, na Ilha de Páscoa ou em Istambul, na qual se atravessa a ponte entre a Europa e a Ásia, o novo e velho mundo, e o contraste é belíssimo.
Mas se tudo que você quiser depois de tanto esforço for mesmo curtir uma praia, aproveite as corridas de Honolulu, no Havai e Moorea, no Tahiti.
Menos, por favor
Se você até gosta de correr, mas 42 km ainda são uma meta distante, saiba que a maioria das provas oferece distâncias menores, como meia-maratona (21 km) e as chamadas “fun run”, de 5 ou 10 km. Mas quando seu interesse não é correr, há uma terceira chance de fazer parte desses grandes eventos esportivos pelo mundo: candidatando-se como voluntário. O dentista de São Luis do Maranhão Gustavo Pinho encontrou na internet um anúncio para trabalhar em uma corrida de bicicletas na África do Sul, o Cape Epic, uma prova que dura oito dias. Convidou outro amigo e foram para lá. “Foi uma experiência inesquecível, apesar de só pedalarmos por lazer, de vez em quando. Vimos todos aqueles atletas de elite, fizemos vários amigos e conhecemos a África do Sul de uma maneira diferente e bem mais barata, pois a organização da prova providencia hospedagem e alimentação. Além disso, passamos por lugares diferentes, que não estão nos roteiros turísticos típicos”, conta.
Emoções diferenciadas
Seja conhecendo uma cidade pela primeira vez ou revendo alguma já visitada, é fato que o olhar e as sensações depois da corrida serão completamente distintas. “Eu já conhecia Chicago, mas o clima é totalmente diferente. Há muita gente nas ruas incentivando, principalmente no bairro das colônias mexicana e chinesa, onde os moradores fazem um espetáculo à parte, com trajes e danças típicos. Famílias inteiras saem às ruas ao longo do percurso e as crianças querem o “take five” dos corredores (tocar com as mãos espalmadas) e no dia seguinte é comum colocar a medalha no peito e receber cumprimentos pelas ruas. Fiquei surpreendido, senti um grande respeito e calor humano, pois não importa a colocação na prova, você se sente como um vencedor. Em Nova York eu também me senti um astro, tamanho o incentivo e respeito de todos”, relata o empresário Eduardo Ribeiro, 44, que já percorreu as maratonas de Chicago, Nova York, Berlim, Boston e Paris.
O empresário Samuel Seibel, 54, que também gosta de suar a camisa quando não está entre os livros da Livraria da Vila, em São Paulo, tem na bagagem as medalhas de Nova York, Boston, Chicago, Berlim e Paris, que são as preferidas dos corredores. Isso porque exceto por Paris, todas, junto com Londres, fazem parte do seleto grupo das World Marathon Majors, as maratonas mais bem organizadas e concorridas. E para onde você acha que ele pretende ir da próxima vez? Paris, ele responde, de pronto. “Hoje em dia podemos escolher dentre centenas de outros lugares para correr, mas preciso do aval da minha mulher, que quer passear depois”, brinca ele, que também sempre aproveita para tirar uns dias de turista comum.

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