Eu não tenho dúvidas
de que corredor é um bicho competitivo. À medida que melhora o condicionamento
físico, sai correndo, literalmente, em busca de melhores marcas. Na prática,
ter um desempenho melhor numa prova passa a ser algo até natural, quando há
ganho na condição física do atleta.
No universo dos
atletas amadores, como a corrida é um esporte individual em que o resultado
final depende exclusivamente do seu esforço, é aceitável buscar essa
competição, pelo menos, consigo mesmo. A ideia do desafio pode ser um aspecto
motivador e levar o atleta a manter-se disciplinado para cumprir uma meta de
tempo, por exemplo.
Por outro lado, a
competição com foco em resultados para tornar-se melhor ou qualificar-se na sua
categoria como um diferencial de performance, em geral, pode ter um final
inesperado. É que, às vezes, o corpo não rende o que projetamos e a frustração
vem na forma de decepção. Além disso, os demais corredores também se preparam
para obter o máximo de rendimento e vencê-los nem sempre será possível.
Algumas vezes,
torna-se necessário correr de forma despretensiosa para vislumbrar a prova
sobre outro aspecto. Já experimentei corridas ao lado de meu filho sem a
preocupação com ritmo ou performance, apenas com a intenção de desfrutar de sua
companhia.

Corrida Eu Atleta 2012
Recentemente, na Corrida do MP, incentivei alguns amigos a participarem.
Corremos fantasiados de super-heróis e a diversão foi completa. Nunca havia
recebido tantos pedidos para fotos quanto nessa prova. Foi muito bacana.

Corrida do MP 2013
Em ambas as
situações, passei pela linha de chegada com tempos muito acima do que
normalmente faço. O resultado foi o menos importante. A intenção era completar
o percurso e suar a camisa com alegria. Correr pelo prazer de correr,
divertir-se! Ao contrário de um sentimento negativo, o que prevalece é o
espírito esportivo. E isso, também, é necessário para manter-se renovado e
motivado.
No meu caso
específico, afirmo que sou competitivo. O que posso dizer em minha defesa é que
o adversário não tem cara ou nome, tem endereço. Minha luta, no bom sentido,
para melhorar minhas marcas é baseada no maraturismo. Escolho um país, uma
cidade e de acordo com minhas possibilidades, estabeleço a meta. Não pretendo
ganhar de ninguém, nem na premiação por categoria. Contento-me com o que o
corpo me permite fazer.
Nós que não vivemos
da corrida, temos profissão definida, não precisamos torná-la algo penoso.
Priorizar a disputa com os colegas de treino, hipervalorizando a competição, os
recordes e por consequência, treinar cada vez mais forte, submetendo o corpo à
exaustão, pode ter como resultado o mau humor, a decepção, quando não conseguir
atingir seus objetivos.
Ter a possibilidade
de correr em grupo, fazer novas amizades, fortalecer laços com os atuais ou
simplesmente desfrutar do prazer de correr, pode ser uma boa motivação para
continuar correndo. Se as marcas melhorarem, beleza! Mas não condicionemos a
nossa santa corrida como uma forma de tratar nossos colegas corredores como uma
pessoa a ser “batida”. Sua luta deve ser para encontrar motivação para
continuar correndo. Isso sim é o que importa.

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