Há uma mística em torno da Corrida de São Silvestre que encanta. A médica Samira Layaun finalizou o seu livro “Comer, treinar, dormir”, publicado pela editora Prumo, com um texto exclusivo sobre sua experiência nesta prova. Para quem vai fazer sua estreia, vale a pena ler o texto, que transcrevemos abaixo, para ir entrando no clima da corrida.
Eu não poderia encerrar este livro sem escrever um pouco sobre a Corrida Internacional de São Silvestre (SS), a prova mais tradicional do Brasil!
Acredito que participar da SS seja o sonho que amis povoa a mente dos corredores brasileiros.
O clima festivo da passagem de ano, o local onde a prova é realizada, os participantes (famosos, desconhecidos, fantasiados), a transmissão ao vivo pelas redes de TV, a plateia, tudo isso gera uma aura especial em torno da SS. É uma verdadeira festa.
Participei da SS em 2005 e 2006. Nessa época, as mulheres largavam antes do pelotão masculino, porém num horário cruel para qualquer atleta, seja ele homem ou mulher: às quinze horas do horário de verão, ou seja, quatorze horas, na realidade (hora em que a temperatura ambiente está elevadíssima). Em 2005, no momento da largada, os termômetros da avenida Paulista marcavam 33◦C.
Além do clima desfavorável, o percurso também é difícil. Trata-se de um percurso acidentado, com aclives e declives que provocam desgaste físico e articular.
A distância (15 km) não é das mais desgastantes, não fosse o fato de o percurso ser acidentado, sem árvores ou gramas para amenizar a temperatura e o desgaste físico.
O leitor deve estar pensando: como alguém pode querer submeter-se a tamanho sofrimento?
Pois é, eu explico.
Acontece que a SS é, realmente, uma corrida festiva! Mesmo com todas as dificuldades, é uma prova que se corre feliz.
Há, basicamente, dois responsáveis por esse clima de festa: o primeiro são os corredores, sem os quais, obviamente, não haveria corrida. O segundo é a plateia, que está presente durante todo o percurso, aplaudindo e interagindo com os atletas. Essa plateia maravilhosa é formada por gente comum, que muitas vezes desconhece as dificuldades inerentes à prova, mas dá-se ao trabalho de estar lá, debaixo de sol ou de chuva, em pé, para ver e incentivar os atletas na sua dura jornada rumo à linha de chegada.
Embora o glamour da corrida noturna (sim, originalmente a SS era uma corrida noturna) tenha deixado de existir, esteja certo de que, para um corredor, não há melhor forma de comemorar o ano-novo do que correndo, literalmente.
Aos corredores, parabéns; à plateia, muito obrigada!

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